E a personalidade do mês de Outubro é o Jorge Nunes!
Um dos nossos veteranos, de origem alentejana e que também tem muito a dizer-nos sobre a sua experiência no desporto! Também nos fala no impacto que o desporto teve na sua saúde e na sua vida em geral. E de como é agradável poder partilhar com a sua cara-metade, o gosto pelo desporto.
Vem saber mais sobre ele:
Fotografia: Run Tejo
1. Quem é o Jorge Nunes?
É um alentejano, que quer correr mais rápido, mas sem pressa. Nasci em Beja, cresci em Colos, no concelho de Odemira onde vivi até aos 19 anos. Mas consigo-me adaptar para onde quer que vá.
Eu gosto de consistência e tento não forçar, ser objetivo, mas sem estragar. E com a minha idade, convém não abusar muito.
Profissionalmente, a minha atividade é bastante stressante. Eu trabalho em artes gráficas, na área das publicações periódicas (revistas, jornais, por aí fora). A dinâmica da minha profissão é realmente stressante e por isso, talvez esse nível de stress diário, faça com que eu aparente uma calma maior quando estou cá fora, isso deu-me bagagem para outras situações.
2. Há quantos anos treinas, e como é que o atletismo apareceu na tua vida?
O atletismo é recente. Eu comecei a praticar exercício físico com alguma regularidade por volta dos meus 35 anos. Comecei a sentir que estava a perder alguma aptidão física e sentia algum cansaço, de maneira que introduzi a bicicleta no meu dia-a-dia. Antes de começar a correr, fazia umas 10 horas por semana de bicicleta, mais ou menos uns 300 quilómetros.
Depois descobri que era hipertenso, que tinha o colesterol alto (embora nunca tenha sido mais forte do que sou hoje), é hereditário. De maneira que o desporto assumiu o papel de controlar esses meus problemas de saúde, embora o colesterol nunca tenha sido fácil de controlar. Só o consegui dominar mais, quando comecei de facto a correr. A corrida surgiu numa altura em que desafiei a Elisabete a fazer um Trail, e na primeira descida ela desapareceu (para a frente) e eu preocupado. Ela não corria e nem estava muito interessada nisso. Mas, fizemos alguns e, ela conseguiu fazer um pódio e ficou logo entusiasmadíssima. Nessa altura achei que era melhor levar a corrida mais a sério e entrámos para o Leião. Um dia o Joaquim Amaral levou-me a um treino de teste feito pelo GFD. Fui fazer esse treino com uns amigos e foi o primeiro contacto com a Run Tejo.
3. O que simboliza para ti pertencer à equipa Run Tejo – Prevent Sprain?
É um orgulho para mim, estar nesta equipa. Como equipa, só conheci o Leião e era uma realidade completamente diferente. É um orgulho pertencer à equipa, não só pelos atletas, mas pelas qualidades humanas presentes nas pessoas. É um grupo em que é muito fácil estar. Não se sente tensão entre as pessoas e há uma grande entreajuda. Há sempre algum momento em que ajudamos o parceiro do lado. Temos todos sorte de ter as pessoas que cá estão. Sinto-me muito bem com a generalidade das pessoas, (há sempre uns que falamos mais e estão mais próximos). Há sempre alguém a dar-te a mão e a puxar-te.
Tento ir aos treinos todos, não só para evoluir atleticamente, mas também para estar com as pessoas. Gosto de pessoas calmas e que não haja ambiente stressante e dar-me bem com toda a gente. E acho que é uma mais-valia para o grupo e equipa em si. Não me sinto mal ao pé de ninguém.
Todas as aprendizagens que vamos tendo, faz-nos evoluir e só não evoluímos se não quisermos. Claro que cada um à sua medida e com um ambiente destes, é possível evoluir.
4. Qual foi o teu maior feito desde que estás no clube?
Eu não tenho grandes feitos. Mas tenho evoluído, ou seja, tenho melhorado os meus tempos.
Os 10 quilómetros, acaba por ser aquele grande objetivo sempre. Mas, um grande feito… como gosto de dar passos curtos, nunca dei aquele salto que sentisse que foi mesmo forte, em relação à minha última prestação desportiva.
Se tivermos a barreira dos 40 minutos com o objetivo, já a consegui atingir, apesar de pouca diferença, uns segundos, mas não foi ainda o salto grande. Daí dizer que ainda não foi um grande feito.
Em termos de satisfação, gosto de poder acompanhar as pessoas e vê-las evoluir. Por exemplo o Nuno Fernandes, apareceu nuns treinos que fazia regularmente com outros colegas. No início com ele, estava a fazer uma coisa que me dá muito prazer, sentir e acompanhar aquela evolução. De 50 minutos aos 10 quilómetros, já está nos 37 minutos. Dá-me imensa alegria ver as pessoas evoluir e ter de alguma forma contribuído para isso. De dia para dia vi que ele estava a ficar mais forte e é uma alegria poder ver isso. Sentir aquela evolução, como eles sentem.
5. O que representa para ti esta distinção de personalidade do mês?
Representa bastante, embora eu não exteriorize muito as minhas emoções. Fico sensibilizado com esta distinção. Não estava à espera para já. Acho que há muita gente boa na equipa e que faz muito pelo clube. Mas de qualquer forma, é uma coisa que eu gosto, é dar valor à minha pessoa. É gratificante saber que se “dá nas vistas” e que há um reconhecimento daquilo que eu tento fazer quando estou com a equipa.
6. Quais são os teus atletas de referência?
Eu gosto muito de praticar esta modalidade, mas a minha cultura desportiva é baixa. Lembro-me de alguns nomes de quando era miúdo.
As pessoas que eu vou nomear, são pessoas da equipa e vou também mencionar pessoas que são importantes para mim e que têm algum impacto. À parte, os clássicos: a Kcénia, o Carlos Tiago, essas máquinas.
O Nuno Fernandes deveria ser uma referência para todos, devido à sua evolução em tão pouco tempo de atletismo. O foco que ele tem nas coisas que faz (e não é só na corrida, mas sim na vida toda), mostra-nos que é possível. Podemos evoluir bastante se tivermos o mesmo foco.
A Elisabete, porque é quem me meteu nisto. Ela não é um bom exemplo de dedicação, mas é um bom exemplo de capacidade. Porque ela acaba por conseguir ter mais prémios (na contabilidade lá de casa) e é uma pessoa que motiva bastante. Faz-me correr todos os dias atrás do prejuízo.
O Carlos Freitas, (sem ser como treinador) como colega, como adversário (é a palavra certa). Ir a correr atrás dele e ver-lhe as costas de perto é motivador.
A Rita Rosa, que é uma força da natureza. Uma pessoa muito focada e muito trabalhadora (talvez até demais), também é uma referência para mim.
Todos são esforçados, com os seus objetivos e isso tem de ser motivador. Se não nos motivarmos com esta vontade que as pessoas têm, então não nos vamos motivar com nada. Todos têm algo para nos fazer melhorar.
7. Qual o conselho que dás a todos os atletas que andam por aí a correr, sem qualquer orientação e grupo de treino?
Que sejam felizes, depois a felicidade vem de várias formas. Se quiserem apenas andar a correr na rua para espairecer, mexer-se um pouco, se calhar não precisa de mais nada e isso chega.
Se querem evoluir, melhorar, do ponto de vista das aptidões de corrida, acho que têm de procurar alguém que os oriente. Porque sozinhos não vão longe (eu corria sozinho e não via evolução nenhuma).
Depois disso tudo, se quiserem estar no meio de pessoas fantásticas, venham para a Run Tejo. Há aqui lugar para muita gente.
8. Como concilias os treinos e corridas com a tua vida profissional e pessoal?
Com a vida pessoal é fácil. Como tenho vindo com a Elisabete, não se passa mal.
Com a vida profissional, consigo conciliar mais ou menos bem, porque os treinos são à noite e ao fim de semana também não é tão difícil. Ás vezes trabalho aos sábados, mas consigo dar um saltinho, ir treinar e voltar.
9. Qual a tua distância preferida, e porquê?
Neste momento são os 10 quilómetros, porque é onde me sinto talvez melhor. Nas corridas mais curtas, acho que não me dou tão bem e acho que corro mais riscos de me “aleijar”. As de 10 quilómetros, dá para ir fazendo contas quando estou a correr e consigo ir gerindo o meu esforço. Numa corrida rápida não consigo fazer esse jogo mental.
10. Qual a tua prova preferida, e porquê?
Eu gosto muito da Corrida do Tejo. Eu não gosto de corridas demasiado planas, prefiro que tenha alguma inclinação porque também me ajuda um pouco. Consigo gerir melhor o meu esforço se o terreno não for tão constante. Numa corrida plana, esgoto-me mais e vou sempre num registo muito constante, sempre a esforçar-me e para recuperar não há hipótese. Nas subidas e descidas consigo gerir melhor o meu esforço.
11. Tens alguns cuidados com a alimentação?
Tenho. Eu fiz uma alteração há uns 6 meses mais ou menos, devido ao colesterol.
Quando comecei a correr com alguma frequência e deixei andar de bicicleta, eu emagreci um pouco.
E consegui baixar o colesterol, a um nível que deixei de precisar do comprimido. Depois meteu-se a pandemia e o colesterol voltou à normalidade e lá tive de voltar ao comprimido. Gostava de ter sempre queijo, chouriço, pão, e bebia um copo ou outro de vinho. Há uns 6 meses, resolvi tirar o álcool e os hidratos de carbono, de forma bastante forte. Não como pão, não como batata, como arroz ou massa muito pouca vez. Quando retirei os hidratos, nas primeiras 3 semanas, fiquei mais fraco, sem resistência. Mas foi uma questão de adaptação, ao fim de um mês, voltei ao normal e agora sinto-me bem.
Também como muitos frutos secos e acabam por ser uma fonte de energia. Como gosto mais de carne e peixe, prefiro ir buscar aí a energia que necessito. Agora como mais grelhados e saladas. Há um dia ou outro que como comida mais normal. Não tenho cuidado com quantidades, molhos não ligo muito. Por enquanto sinto-me bem.
12. Qual a tua maior motivação para continuares a correr?
É tripartido.
Dá um prazer imediato o facto de correr. Como sei que me estou a sentir bem, faço aquele esforço porque no fim sei que me sinto bem.
Outra motivação, é a minha saúde, para me sentir bem e combater o colesterol e tensão. Acabou por ser também uma terapia física.
E, quando o fazes com as pessoas que te são próximas e te consegues te integrar num grupo com pessoas com quem te dês bem, é sempre tudo mais fácil. Há sempre um amigo teu que te desafia a ir fazer um treino, num dia que não te apetece, mas é difícil dizer que não.
13. Queres deixar algum agradecimento público?
À equipa toda, por todas as razões que já disse. É para mim um prazer enorme correr com vocês todos e poder partilhar, ajudar e ser ajudado por toda a gente. Não queria estar a personalizar muito esse agradecimento, é a Run Tejo no geral. Obviamente que há um pequeno grupo de pessoas que fazem com que isto funcione. E é de ressaltar que o Carlos Freitas é incontornável e se calhar a equipa existe como existe, porque existe o Carlos.
Aquilo que se vive dentro do clube não é uma coisa que se ensine ou que se obrigue a ser assim. É das próprias pessoas que se dispõem a ser quem são e a ser como são. E acho que isso é uma coisa que tem um valor inestimável, o grupo que nós temos.
Um agradecimento à Run Tejo toda, porque toda a gente faz parte, toda a gente participa e ajuda, de alguma forma.
E à presidente Cláudia Borralho, pela pessoa que é, apesar de estar mais na sombra, tem também um papel importante para a equipa e merece esse reconhecimento.
Fotografia: Armindo Santos (Página de Facebook)
AGRADECIMENTOS AOS PATROCINADORES:
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