E no mês de Março, destacamos a nossa menina mais gulosa por chocolate: Bárbara Rita Abreu.
Faz parte da nossa equipa de Seniores Femininas e vem nos brindar com a sua história de como tudo começou na Run Tejo. Muitos parabéns!
Fotografia: Run Tejo
Segue a sua entrevista:
1. Quem é a Bárbara Abreu?
A Bárbara Abreu é duas pessoas na verdade! É a Bárbara e a Rita, depende dos dias. É a Barbara quando está mais chateada e a Rita quando é mais doce. Mas juntando as duas é determinada, quando mete um objetivo na cabeça vai até ao fim. Às vezes deixa uma lágrima ou outra saírem por frustração, mas vai sempre até ao fim. E quando veste a camisola, defende-a com unhas e dentes.
2. Há quantos anos treinas, e como é que o atletismo apareceu na tua vida?
Nem eu mesma o sei. Mas sei que a minha mãe quando era adolescente corria, e chegou a treinar com os Ingleses (clube de atletismo). Devido a outros tempos, porque no fundo, era uma desculpa para sair de casa. Não sei se isso passou por genes de alguma forma, mas eu sempre gostei de correr. Nos corta matos realizados na escola, quando éramos criancinhas, eu tinha velocidade, mas uma péssima resistência. Ficava com muitos metros de avanço das outras crianças, mas terminava na ambulância. A história triste é assim, a asma não me deixava terminar as corridas. A partir daí a minha mãe recomendou que eu não devesse continuar a correr nos corta matos escolares, porque eu não me sabia controlar. Mais tarde, voltei aos corta-matos da escola. Fui destacada para ir aos seguintes, os regionais. Os meus pais resolveram ir comigo, de forma a garantir que corria tudo bem ou ia parar de novo ao hospital. A minha asma na altura não estava controlada, mas até correu bem. Lá está, não fui ao meu limite, porque eu tenho sempre um pequeno medo que a asma volte a surgir e que fique sem respirar. Correu bem. Depois na escola secundaria, tive um professor que foi preparador físico de uma equipa do Sporting, era bastante exigente.
Após terminar o secundário, ele também foi professor do meu irmão, e convidou-me a ir a uma corrida. E eu sem treinar, lá fui! Correu mais ou menos bem, dentro do expectável para quem não corria com frequência. E depois o atletismo em si, foi com um amigo. Começamos a correr juntos e mais tarde, descobrimos que havia uma corrida solidária, e metemos esse objetivo na cabeça. Treinamos para essa mesma prova, e a partir daí formou-se o gosto e juntei-me a um grupo do Técnico. Nesse grupo, conheci o Tiago Velez, e ele em conjunto com outros, desafiaram-me a realizar uma maratona. Então treinar durante um ano e meio para essa maratona, para criar umas bases, antes de a realizar. Ironicamente, o meu treinador na altura, também se chamava Carlos.
O objetivo principal era terminar a prova bem, e o segundo era terminar a prova abaixo das 4 horas e consegui. Lembro-me de, quando está toda a gente a bater no muro, virar-me para o Tiago e perguntar-lhe se ele conseguia falar, e ele disse que sim. Eu disse para ele falar, que precisava de distração. Tinha um acordo com ele: se ele me conseguisse fazer a meia, acompanhando-me na maratona, e cumprindo o tal “acabar bem” e “conseguir andar normalmente no dia seguinte, e abaixo das 4 horas” eu entrava para o Leião, para fazer o torneio de Oeiras. Aconteceu isso e, entretanto, deu-se o convite em 2020. Só fizemos meio troféu, devido ao covid.
Como estava a estudar no Técnico, e trabalhava como bolseira, eu não conseguia ir aos treinos. Oeiras nunca fez parte da minha vida, até agora. Treinava com o Correr Lisboa. Eles desafiaram-me a me federar, eu aceitei o desafio e assim fiquei lá por uma época. Por coincidência o Tiago pouco tempo depois também me convidou para a Run Tejo, mas eu já tinha o compromisso com o Correr Lisboa. Corria quando me apetecia e sem orientação de um treinador. Numa prova perguntaram-me quem me treinava e eu respondi “eu, não tenho treinador, corro quando me dá para correr”. Recomendaram-me o Armando e ele começou-me a orientar e juntei-me ao seu grupo.
Numa das provas realizadas nessa época, a nossa presidente disse-me que eu ficava melhor com um top branco. E na verdade, é que eu não tinha equipa de seniores na equipa do Correr Lisboa, o que era um pouco desmotivador a ir às provas. Mais tarde, o Tiago volta a perguntar-me de novo se quero experimentar uma época com a Run Tejo. Eu disse-lhe que ia pensar nas férias, pois já estava a tratar da renovação com o Correr Lisboa. Um grande objetivo era e é melhorar, para isso tinha que treinar com motivação e com uma equipa unida. Acabei por entrar na Run Tejo. Foi a escolha certa!
3. O que simboliza para ti pertencer à equipa Run Tejo – Prevent Sprain?
É como uma família que nós escolhemos. Nós temos a família de sangue, a qual não temos hipótese de escolha, com a qual nascemos. E depois temos os amigos e a família escolhida. E eu acho que a Run Tejo neste momento é uma segunda família. Todos os dias falo com alguém da Run Tejo, não são só colegas de treino, são amigos. Já se fazem atividades pós treinos e para mim isso significa: uma segunda família que escolhi. Apoiamo-nos muito, dentro e fora da pista.
4. Qual foi o teu maior feito desde que estás no clube?
Talvez ter tirado uns 10 segundos, num ano, numa prova de 800m, sem estar á espera. Falando em termos desportivos. E estar-me a aproximar, a passitos, mais lentos do que esperava agora, mas a passitos, dos 43-42 minutos aos 10 quilómetros. Coisa que, antes de treinar com o Armando, tinha 49 minutos e com ele passei para 44. Com o Freitas, passei para 43 e meio.
5. O que representa para ti esta distinção de personalidade do mês?
Sem palavras, não estava à espera. Quando a Cláudia e o Carlos me ligaram, pensei que tivesse a ver com uma publicação do troféu de Oeiras, que tinha acabado de fazer. A tentar incentivar os nossos atletas a irem às provas do troféu.
É com muito orgulho que, recebo essa distinção e espero que mais atletas se venham a esforçar para o receber, principalmente sem estar à espera.
6. Quais são os teus atletas de referência?
Começando pelos da casa: Todos os atletas da Run Tejo, desde os que começaram a correr mais recentemente aos prós. Incluindo aqueles que fazem o aquecimento ao meu ritmo de prova, pronto acontece. Já falei com eles e já lhes disse que isso não podia acontecer em pista, nos aquecimentos em equipa.
Uma grande referência que eu tenho, é mesmo o Jorge Nunes. Porque, sem ele eu não evoluía tanto e não puxava por mim como puxo nas séries. E claro tenho de destacar duas meninas, que estão sempre à minha frente nas provas e que um dia espero alcançá-las. Sendo a Ana Rebelo e a Kcénia. São aquela luzinha lá ao fundo que eu vou seguindo. E a Telma, por todas as formas como ela lida comigo, dentro e fora da pista. Por todas as adversidades, que eu sei que ela de vez em quando passa, porque é a vida. Mas mesmo assim, vai à luta e não desiste.
“Fora de casa”, não posso deixar de referir a Rosa Mota. Porque, é pequenita como eu, é asmática como eu. E…fez o que fez. Jogos olímpicos não é para todos.
Da nossa atualidade, é sem dúvida a Marta Pen. Apesar de ela não estar a representar as minhas cores, mas é uma atleta excecional, um grande exemplo.
7. Qual o conselho que dás a todos os atletas que andam por aí a correr, sem qualquer orientação e grupo de treino?
O primeiro, é mesmo: procurem um grupo de treino e orientação. Porque, se há algo que eu aprendi, é que se corremos sozinhos, o mais provável é que a longo prazo, nos possamos lesionar, sem nos apercebermos. Ou metemos quilómetros a mais, rápido demais, ou porque temos velocidade a mais, quando ainda não estamos preparados. Acompanhado é sempre o melhor. Seja na Run Tejo (que seria o ideal), seja noutro clube. Mas com acompanhamento, a motivação sobe, porque ela nunca está em altas. Procurar sempre algum tipo de ajuda, seja para correr em grupo, seja individualmente.
8. Como concilias os treinos e corridas com a tua vida profissional e pessoal?
Com uma agenda física, literalmente. Vou marcando os treinos que o nosso Mister dá, e conforme as reuniões que vou tendo, vou vendo se consigo ir, dentro das horas que a equipa treina. Como não vou para o trabalho de carro, estou dependente de boleias, e nesse aspeto, a equipa é cinco estrelas. Há sempre alguém que me leva a casa e que me vai buscar ao trabalho. Com a vida pessoal, felizmente tenho a sorte do meu namorado também correr, apesar de estar lesionado há mais de um ano. Tem estado a recuperar, e não treinando com a equipa, treino com ele. E é um dois em um. É um momento em que estamos me conjunto, juntos e a treinar.
9. Qual a tua distância preferida, e porquê?
Nem sei. Eu quando terminei a maratona gostei muito. Eu não me lembro do momento, mas o Tiago disse que o abracei. E isso vindo de mim, é a Bárbara a falar, que é pessoa fria, isso não acontece. Mas se fosse a Rita, era mais provável. Naquele dia veio ao de cima, após terminar a maratona. Fiquei com vontade de fazer em Amesterdão, mas apareceu o Covid. Depois comecei a fazer outro tipo de provas. E atualmente, a que mais me desafia e me leva ao limite, são os 800 metros. Porque nos 10 quilómetros não tenho confiança para arrancar logo e arriscar, no início. Enquanto que, nos 800 metros é logo ali que temos de reagir. É tudo ou nada. São duas voltas e não há mais. É uma espécie de relação amor ódio.
10. Qual a tua prova preferida, e porquê?
Eu não conhecia a São Silvestre da Amadora, mas tenho um carinho muito especial pela São Silvestre de Lisboa. Não sei se pelas camisolas coloridas, ou pelo ambiente que se vive. Não acho que seja uma prova para tempos, como costumamos dizer, mas para desfrutar. Quando comecei a correr foi precisamente por isso, desfrutar da corrida e não com objetivos de fazer este ou aquele tempo. Não ter uma pressão interior ou externa, depende dos casos. Sem qualquer tipo de pressão, é sem dúvida a São Silvestre de Lisboa, para desfrutar, ah! E pelas luzes de Natal.
11. Tens alguns cuidados com a alimentação?
Não tenho, mas devia. Em todos os sentidos, desde por ser atleta e pelo historial familiar de diabetes. O essencial é nós não cometermos demasiados excessos, ou seja, não retirar de tudo e não tirar nada. O único cuidado que tenho é o controlar o peso, de forma a não baixar muito. É o cuidado maior que eu tenho, evitar que o peso chegue a um patamar muito baixo, pois tenho facilidade em emagrecer. Na pausa de um mês que fizemos no Verão, o meu peso desceu drasticamente. E para recuperar o que perdi, foram precisos 2 a 3 meses para voltar ao normal.
Mas como de tudo, seja bom ou mau, o importante é não abusar.
12. Qual a tua maior motivação para continuares a correr?
É continuar a correr. É continuar a ter objetivos. Porque se nós não os tivermos, e acima de tudo, não deixar que esses objetivos tomem conta de mim e não me deixem sentir o prazer que se tem a correr. Ou seja, de vez em quando gosto de nos meus CCL (Corrida Contínua Lenta) de ir mesmo tranquila, sem olhar para o relógio. Isso motiva-me. Tal como, chegar depois à terça e à quinta, nas séries com o Jorge, em que ele tenta uma espécie de tentativa de homicídio qualificada. Mas isso também me motiva. Não gosto de falhar pelo menos aos treinos de terça, pois são importantes e motivam-me para continuar a correr.
13. Queres deixar algum agradecimento público?
Quero. Agradecer à Cláudia por no ano passado ter dito que uma cor ficava melhor que outra. Preciso de agradecer ao Tiago. Eu não comecei a correr com ele, mas se não fosse ele, eu não estaria na Run Tejo e não teria conhecido as pessoas fantásticas que hoje conheço. E não me teria desafiado. Não tenho palavras para lhe agradecer. Podemos não falar todos os dias, mas quando falamos, falamos como amigos e isso foi uma das melhores coisas que a corrida me trouxe. Preciso também de agradecer ao meu Mister 2, o Jorge. Porque, ele consegue ver capacidades que eu ainda não vejo. E está sempre a puxar mais e mais. Se não fosse ele, eu não teria evoluído tanto, principalmente nesta época em particular. Ele diz que eu um dia o vou ultrapassar, e eu espero que não, que ele esteja ligeiramente à minha frente para ele continuar a puxar.
E, sem dúvida, mas não menos importante, ao meu namorado. Porque os seus 15 anos de atletismo, de alguma forma, vão me transmitindo alguns conselhos, que alguns eu ouço e outros não. Mas, eles estão sempre cá e ele está sempre disponível para me ouvir e ir onde quer que uma pessoa tenha prova. Tenho muito que lhe agradecer, por tudo mesmo! Desde os conselhos a estar sempre presente. E por não deixar que a corrida interfira muito na nossa relação pessoal, e que de certa forma conseguimos conjugar.
Fotografia: Armindo Santos (Página de Facebook). [OBS: Foto cortada, de modo a enfatizar a atleta em questão.]
AGRADECIMENTO AOS PATROCINADORES:
Prevent Sprain Socks
Prevent Sprain - CM Socks
Aronick Equipamentos Desportivos
GoldNutrition
Anadias.Run
OrangeTangent Cosmética Urbana Soc. Unipessoal, Lda
Muitos parabéns minha pequena grande atleta 😉❤️👏💪🏻! És pequena de tamanho, mas és grande por tudo a que te propões! Nunca percas essa garra e vai SEMPRE à luta!
Se correu bem, espetacular! Caso não corra pelo melhor, já sabes: faz tudo parte da aprendizagem do jogo que é a vida 😉. Gosto muito de ti ❤️
Parabéns e, obrigado ❤️! Não és pequenina, és grande! És tu quem traça o teu caminho e, vais chegar onde te propuseres💪!
Parabéns ✌️👍💪💪